Professor/a, a realização do Roteiro-expedição pelo Caminho da Costa da Lagoa, procurará compreender as questões sócio históricas e ambientais como proposta de Educação Patrimonial.
Para este roteiro foram elencamos 8 pontos de parada, onde os/as estudantes serão provocados a deslocar o olhar para a percepção de um lugar que tem história e memória.
Ao percorrer o percurso criado para esta proposta de Educação Patrimonial, queremos que os estudantes - sujeitos históricos - percebam o entorno através dos seus sentidos: olhar, ouvir, respirar, sentir; conhecer as edificações e perceber quais interações são possíveis, intencionado por uma educação sensível.
Objetivos
Colocar os/as estudantes em contato com as marcas remanescentes do passado rural da região da Lagoa da Conceição;
Conectar o trabalho realizado na Oficina de fontes em sala de aula com a experiência prática proposta no Roteiro-expedição;
Aproximar os/as estudantes de uma reflexão viva sobre as temporalidades presentes;
Problematizar o patrimônio como algo apenas “edificado”, sem que se coloque em questão o seu contexto sócio histórico e a sua conexão com o presente e com os sujeitos;
Identificar as mudanças na paisagem nos últimos anos e suas conexões com as formas do “saber-fazer” do momento presente sob a luz do conceito de paisagem cultural.
Estimular a percepção do espaço através dos sentidos: olhar, ouvir, respirar, tatear, sentir.
Possibilidades metodológicas
Atividade pré-roteiro: Estudante - pesquisador/a.
Professor/a, o documento selecionado é o Decreto 247/86 de tombamento do Caminho da Costa da Lagoa. Pode-se fazer uma leitura com a turma e pedir para que façam uma análise do documento. A atividade pode seguir a metodologia desenvolvida na Oficina de fontes, mas ao invés dos/das estudantes receberem as fichas prontas, eles/as mesmos/as podem elaborar as fichas de análise e interpretação de forma autônoma como um exercício de investigação histórica.
Início do Roteiro - expedição
Ponto de encontro
Final do Canto dos Araçás (último ponto de ônibus): Observação do entorno percebendo sua geografia, chamando atenção dos estudantes para o encontro do ser humano com o meio ambiente. Nesse momento será recomendado que os estudantes registrem através da fotografia algum objeto, um trecho do caminho, uma planta, uma parte de algum edifício, ruínas etc) que se relacione com o passado rural da Costa da Lagoa e/ou com as transformações que ocorreram e que possam ainda ocorrer no presente. Esses registros serão (re)visitados no 3º momento.
Obs: O último ponto de ônibus está localizado próximo ao Trapiche 03, que dá acesso aos barcos da Cooperbarco (Agência que faz o transporte lacustre).
1ª parada: Início da Caminho
Logo no início do Caminho, encontra-se um casarão do final do século XIX. A visualização do edifício pelo Caminho da Costa da Lagoa está comprometida, uma vez que todo o lote circundante encontra-se murado. É possível ter uma melhor visualização através do transporte lacustre, após a passagem do Trapiche 03, no sentido sul-norte.
Essa será uma breve parada para que os/as estudantes comecem a pensar o objeto de estudos do roteiro, o Caminho da Costa da Lagoa.
Professor/a, informe os/as estudantes que este edifício é parte do conjunto tombado pelo Decreto n 247/86, que foi objeto de análise e estudo na Oficina de fontes. Chame-lhes a atenção para as características do edifício, para sua conservação, para as possíveis alterações em suas fachadas. Questione-os sobre os muros que o cercam.
Vista das fachadas leste e norte a partir do transporte lacustre, após a passagem pelo trapiche 03.
Fonte: Acervo da autora. 2021.
Vista das fachadas oeste a partir do Caminho da Costa da Lagoa.
Fonte: Acervo da autora. 2020.
2ª parada: Portal do Caminho da Costa ao Canto dos Araçás
Portal oficial de entrada do Caminho da Costa ao Canto dos Araçás.
Fonte: Acervo da autora. 2020.
Podemos observar que a placa com diversas informações sobre a caminhada está quebrada e pichada, evidenciando o abandono e o desconhecimento do bem público.
Algumas indagações:
Quem são os responsáveis pela manutenção do Caminho nos dias de hoje, já que é um patrimônio da cidade?
Qual é a relação dos moradores atuais com esse caminho ?
De que forma o poder público deveria ser responsabilizado pela sua manutenção?
Professor/a, chame a atenção dos/das estudantes para as condições das placas de sinalização ao longo do Caminho. Na época em que esta foto foi feita, a placa de informação localizada no Portal de entrada estava pichada e quebrada. Se ela estiver em condições semelhantes, é uma oportunidade de fazer os/as estudantes refletirem sobre a relação entre cidadania e a conservação dos patrimônios.
3ª parada: Caminho de pedras
O caminho da Costa da Lagoa está muito degradado hoje, mas nos tempos das lavouras de café e dos engenhos de farinha de mandioca, o caminho recebia manutenção e reformas constantes, já que por aqui passavam carros de boi. O Caminho de pedras, localizado entre o Trapiche 05 e Trapiche 06, é um exemplo de calçamento da época em que o Caminho da Costa era usualmente utilizado tanto para o escoamento da produção de açúcar, café, farinha de mandioca, quanto para a circulação de pessoas.
Momento para observar e pensar sobre algumas questões propostas.
Algumas indagações para propor aos estudantes:
Quem eram os sujeitos que por esse caminho transitavam?
Qual a necessidade de pavimentar o caminho?
Por que o caminho tem essa dimensão?
O que o espaço disponível para a passagem de carros de boi e cavalos com cangalhas nos fala sobre ele?
4ª parada: Casa Engenho de farinha
Fonte: Acervo da autora, 2021.
O Engenho de farinha organiza a estrutura agrária compreendida em toda a Freguesia da Lagoa. A partir do estudo do engenho é possível perceber o trabalho nas lavouras e o trabalho no fabrico da farinha de mandioca. O Engenho da Costa da Lagoa, localizado na região denominada Vila Verde, remonta ao século XIX e é o último remanescente com tais características em funcionamento no leste da Ilha de Santa Catarina.
Assim como em todo território brasileiro, a escravização de africanos e afrodescendentes esteve presente também na Freguesia da Lagoa até a abolição da escravatura, em 1888. É certo que a presença afro-brasileira fez parte dos trabalhos nas roças e nos engenhos, contribuindo para a construção desse passado rural.
Algumas indagações:
Qual era a importância da produção dos engenhos para a economia local?
Além da mandioca, quais eram as demais culturas agrícolas existentes na Costa da Lagoa?
Quais relações de sociabilidade poderiam haver naquele espaço?
Além de cumprir o papel de fornecedor de mão de obra produtiva, quais eram as demais participações dos escravizados e libertos?
Como funcionava o engenho?
Todos os lavradores podiam ser proprietários de um engenho de farinha ou de açúcar?
Como você imagina que era o ritmo da vida dessas pessoas?
Professor/a, além das questões colocadas acima, oriente as/os estudantes a experimentarem o engenho a partir de percepções sensoriais do olhar, do tato, do olfato, da audição. Quais sensações são despertadas?
Ao observar o interior e exterior do edifício:
Quais materiais foram utilizados para construir a Casa-engenho? Quais instrumentos do trabalho do engenho estão presentes? De que materiais são feitos? Onde era possível conseguir as matérias-primas utilizadas?
Ao tatear e sentir o olor das paredes, ruínas, portas, chão, objetos :
Quais sensações lhe causam? São frios ou quentes? Ásperos ou lisos? Úmidos ou secos? Qual é o cheiro do lugar?
Ao silenciar e ouvir:
Quais são os sons que se ouve?
Ao fechar os olhos e se concentrar nas pessoas trabalhando no engenho - em outros tempos - , o que se poderia ouvir?
Para finalizar: Onde está o tempo?
5ª parada: A árvore de garapuvu
Fonte: Acervo da autora, 2021.
Outros nomes para o Garapuvu: guapuruvu, ficheiro, guapiruvu, garapivu, guaburuvu, vapirubu, ficheira, bacurubu, badarra, bacuruva, birosca, faveira, pau-de-vintém, pataqueira, pau-de-tamanco.
Referência: https://sites.unicentro.br/wp/manejoflorestal/10082-2/
O tronco do Garapuvu (Schizolobium parahyba) era muito utilizado pelos índios Guarani para fazer canoa-de-um-pau-só. Essa técnica de construção artesanal foi adotada e aprimorada pelos imigrantes açorianos que chegaram na Ilha de Santa Catarina em meados do século XVIII.
A canoa feita de um tronco só é um tipo de embarcação que foi muito utilizada pelos moradores da Lagoa para a prática da pesca artesanal. Ainda hoje é possível encontrar esse tipo canoa às margens da lagoa. Ela é mais um exemplo do legado do conhecimento indígena presente na formação da cultura ilhoa.
Professor/a, esse é um momento de experienciação e reflexão:
Oriente os/as estudantes a tocarem o tronco do Garapuvu:
Observarem como é a estrutura da árvore; tronco, galhos, folhas e flores;
Pergunte sobre o que ele/as sabem sobre essa árvore;
Informe, para os/as que não sabem, que o Garapuvu é árvore símbolo da cidade de Florianópolis;
Dê exemplos de outras árvores que foram utilizadas para fazer canoas de um tronco só, como Cedro, por exemplo.
Instigue-os/as a pensar em outros legados do conhecimento indígena que estão presentes no nosso cotidiano.
6ª parada: Silenciar, sentir e ouvir
Fonte: Acervo da autora, 2021.
Ao longo do Caminho da Costa é possível ouvir o som dos pássaros, das águas que correm em direção a lagoa, dos barcos, o ranger dos galhos das árvores e sentir a força do vento tocar nosso corpo. Escolha um ponto, pare, silencie, feche os olhos e escute.
Professor/a, ao longo do caminho poderemos encontrar alguns lugares para realizar essa atividade sensorial. Convide os/as estudantes a se sentarem, relaxarem, se acalmarem, fecharem os olhos, silenciarem e ouvirem os sons que estão ao redor.
Durante um 1:30min ou 2min, peça para que escutem todos os sons imediatos a cada um e aos poucos busquem ouvir os sons mais distantes do ambiente.
Quais sons foram ouvidos? Quais sons estão perto? Quais estão longe? Quais sons são familiares? Podemos identificar pássaros e animais pelos sons ouvidos neste ambiente? O quanto nós entendemos do mundo a partir dos sons? Como os sons são importantes em nossa vida e como nos relacionamos com eles? Como pode ser a vida sem os sons? O que os sons escutados revelam sobre esse lugar?
7ª parada: Sobrado colonial: Casarão "Dona Loquinha"
Fonte: Acervo da autora, 2021.
O sobrado colonial construído por volta de 1780 está localizado próximo ao Trapiche 11, numa área denominada Praia Seca. Este edifício remonta às primeiras décadas da colonização açoriana na Ilha de Santa Catarina. Ele é mais conhecido como Casarão "Dona Loquinha", esta descendente dos primeiros moradores do sobrado e sua última moradora. Hoje, o casarão está fechado e abandonado.
Professor/a, o Casarão provoca muita curiosidade, surpresa e indignação, uma vez que seu estado de conservação encontra-se totalmente em ruínas. Esse momento de observação e interação com o edifício pode vir acompanhado de questões que façam os/as estudantes aprofundarem suas percepções sobre os diversos elementos que envolvem essa construção e reflexão sobre a importância e o valor que nossa sociedade dá ao Patrimônio local.
Algumas indagações para reflexão a partir da observação:
Onde está o tempo?
Quem poderia ter sido o proprietário de um casarão como esse?
Qual tipo de economia estava ligada aquela região do qual o casarão é pertencente?
Qual é a estética arquitetônica do edifício?
Qual técnica de construção foi utilizada para edificá-lo?
Quem foram os construtores?
Quais outras partes do prédio não existem mais na construção? Para que serviam? Qual era a sua função social?
Qual é o seu estado de preservação atualmente e por que está fechada?
Quais usos ele poderia ter no presente?
Quais outros tipos de habitações existiam? Quem as habitava?
Há outros edifícios como esse nas proximidades? Em quais regiões da cidade é possível encontrar construções com essas características?
Quais são as semelhanças e diferenças entre a casa engenho e o sobrado?
Quem eram os trabalhadores dessa propriedade rural? Quais funções exerciam?
A placa instalada em frente ao sobrado resume de forma muito breve um pouco da história daquele espaço rural especifico. Há alguma menção aos negros? Que tipo de menção é feita? O que isso revela sobre a nossa sociedade?
Professor/a, além das questões colocadas acima, oriente as/os estudantes a experimentarem o casarão a partir de percepções sensoriais do tato, do olfato, da audição. Quais sensações são despertadas?
8ª parada: Vila da Costa da Lagoa
Ponto de encontro da comunidade, a vila da Costa é onde se concentra o maior número de habitantes, a Igreja, o Centro de saúde, a Creche, além de bares e restaurantes. A vila recebe inúmeros turistas que vêm para apreciar a paisagem e degustar os pratos locais nos diversos restaurantes localizados, em sua maioria, à beira da lagoa. Outro atrativo da Vila é a Cachoeira da Costa, muito frequentada pelos moradores locais e também pelos turistas.
Algumas indagações e reflexões para desenvolver com os estudantes:
O que a paisagem revela além do que destaca?
Podemos dizer que estamos diante de uma paisagem natural ou de uma paisagem cultural?
Qual era/é o papel da pesca nesta comunidade?
Quais atividades econômicas se destacam atualmente na comunidade?
Ao chegar na Vila, percebemos a rede de saneamento básico, mas a rede abrange somente uma parte da comunidade da Costa da Lagoa. De que forma o aumento da população da Costa, a falta de saneamento básico, a pouca manutenção do Caminho da Costa nos revela sobre o seu futuro?
O que pode ser feito para mudar essa situação? Por que é importante pensar sobre isso? No que isso nos toca?
Ao longo do caminho o que foi percebido do passado rural? Instrumentos de trabalho? Quais plantas foram reconhecidas próximas das casas?
Onde está o tempo?
Outras possiblidades e orientações
Professor/a, o Roteiro-expedição apresentado aqui é uma sugestão de proposta de Educação Patrimonial a ser realizada com seus/suas estudantes. Obviamente que é possível fazê-lo de outras formas, acrescentando outros pontos de observação, reflexão e conteúdo. Assim como, utilizá-lo como inspiração e exemplo para propor roteiros por outras partes do bairro ou da cidade.
Um caderno de campo pode ser utilizado por cada estudante durante o Roteiro-expedição ou alguma outra forma de procedimento para o registro dos/as estudantes.
Para além do que foi exposto acima como possibilidade metodológica para realizar o roteiro e outras que o/a própria/a professor/a venha considerar acrescentar, enumerei abaixo algumas orientações e outras possibilidades que complementam o roteiro.
1. A proposta sugerida como Roteiro-expedição inicia no ponto final do ônibus, no Canto dos Araçás, próximo ao Trapiche 03 e termina na Vila da Costa da Lagoa, Trapiche 16. A ida (sentido sul-norte) é feita a pé pelo Caminho da Costa e a volta (sentido norte-sul) é feita via transporte marítimo. Uma possibilidade é seguir de barco até o Trapiche 08, onde está localizado a Casa engenho, dali fazer o Roteiro a pé até o Trapiche 16 e retornar de barco. Essa sugestão alternativa reduz a caminhada em mais ou menos 2 Km e é sugerida para professores/as que não queiram, por algum motivo, fazer uma caminhada mais longa.
2. Se o Roteiro for feito após a Oficina de fontes, como sugerido na proposta, a melhor época para fazê-lo é entre os meses de julho e outubro, ou seja, no inverno e nas primeiras semanas da primavera. Nos meses de inverno, a temperatura mais fria favorece a caminhada. Já nos meses da primavera, é possível observar o Garapuvu (Schizolobium parahyba) com floração de outubro a dezembro, assim como outras árvores da região, como o Jasmim-cata-vento (Tabernaemontana catharinensis ), que tem sua floração de setembro a novembro e perfuma os ares com seu olor característico atraindo abelhas e pequenos insetos.
Inflorescência fotografada na primavera de 2021 no Caminho da Costa da Lagoa.
Fonte: Acervo da própria autora. 2021.
Flores do Jasmim-cata-vento, também conhecida como jasmim-pipoca, leiteiro, leiteiro-de-folha-fina. Planta nativa da Mata Atlântica, muito comum na Ilha de Santa Catarina.
Referência: https://sites.unicentro.br/wp/manejoflorestal/9542-2/
3. É importante escolher um período com o tempo mais seco para fazer o percurso ou pelo menos com um espaço de três a quatro sem dias sem chuva. Chamo atenção para isso porque as condições do Caminho da Costa em alguns pontos é bastante crítica, especialmente porque em alguns trechos o terreno é inclinado e pedregoso. Além disso, alguns pequenos riachos, outros maiores, cortam o Caminho descendo do morro para as águas da lagoa.
Trecho do Caminho da Costa bastante prejudicado pela falta de manutenção. Na imagem é possível ver um pequeno curso d`água que atravessa o caminho, mas com o volume de chuva dos dias que antecederam o registro e a ausência de valetas, a água segue pela estrada causando erosão.
Em alguns desses pontos não há pontes e a falta de manutenção com valetas para o devido escoamento da água, principalmente em épocas de chuva, faz com que o caminho torne-se escorregadio e perigoso. Outra questão importante é ensinar aos jovens que uma saída a campo requer planejamento, organização e cuidado com o local onde será feita a expedição. No caso de se fazer uma trilha é sempre importante saber que se muitas pessoas pisoteiam um terreno molhado e já deteriorado, é certo que essa prática trará mais danos, tornando-o ainda mais erodido. Por isso, o ideal é fazer a caminhada com o solo seco.
4. Professor/a, ao longo do caminho chame atenção dos/das estudantes para a reflexão sobre a situação do caminho em si, levantando questões dos usos daquele espaço no presente e no passado. Lembre-os/as que esta região como um todo é um bem tombado, registrado pelo poder público, é um patrimônio. Além do Caminho de Pedras, sugerido na 3ª parada, há outros pontos do trajeto que podem ser objeto de questionamentos sobre a estrutura e manutenção, colocando os/as estudantes a problematizarem a ideia sobre o que um Patrimônio? Qual sua importância na história daquele lugar? Se o Caminho da Costa é um Patrimônio da cidade de Florianópolis, ele não deveria estar em melhores condições?
Placa de sinalização e informação sobre o Engenho de Farinha (4ª parada do Roteiro-expedição).
5. Inclua nos questionamentos acima a deterioração das placas de informação ao longo de todo o Caminho instaladas pelos órgãos competentes e responsáveis pela manutenção do bem público.
Oriente os/as estudantes a lerem, se possível, o que informa cada uma dessas placas. Questione-os/as sobre a natureza do material utilizado para confeccioná-las. Poderiam ser feitas de outros materiais? Quais? Quais são os órgãos municipais de gestão responsáveis citados nas placas? O que o estado de "saúde" das placas nos diz sobre como o poder público entende aquele espaço? Seria papel da comunidade promover a troca e manutenção das placas? De que forma a comunidade local e a sociedade como um todo ( turistas, moradores de outras regiões da cidade, estudantes) poderiam agir para chamar a atenção das autoridades responsáveis?
6. Ao longo do Caminho é possível encontrar alguns cafeeiros remanescentes.
A produção de café (Coffea sp.) foi uma cultura agrícola importante na Freguesia da Lagoa e contava com as mãos das mulheres para fazer a derriça dos grãos.
O café sombreado, plantando debaixo de árvores maiores para protegê-lo do vento sul e geadas, se tornou uma planta conhecida e valorizada. Seus grãos, dizem os mais velhos, resultava num café saboroso e suave.
Pé de café em meio a outros arbustos.
Fonte: Acervo da autora. 2021.
Sugestões de aprofundamento
Links diretos
Inventário Histórico/Arquitetônico do Caminho da Costa da Lagoa.
Este documento foi produzido no ano de 2018 e utilizou como base o Inventário Histórico/Arquitetônico do Caminho da Costa da Lagoa do IPUF/ SEPHAN de março de 1985. Na época, o estudo realizado deu suporte para o Decreto 247/86, que tombou o Caminho da Lagoa com bem patrimonial a ser preservado. O levantamento realizado no segundo semestre de 2018, que gerou o conteúdo deste documento, está vinculado a Trabalho de Conclusão de Curso de Museologia/UFSC de Sônia Marisa Melim Rocha, "Território, Patrimônio, Identidade - Espaços de Memória da Costa ada Lagoa: possibilidades e perspectivas de musealização". Sendo assim, as informações contidas nestes dois documentos se complementam.
As Freguesias Luso-Brasileiras na região da Grande Florianópolis.
Tipitis. Fonte: Acervo Casa da Memória.2021.
"Os tipitis são uma espécie de balaios da capacidade de um alqueire proximamente, altos e de forma faceada (quando novos, pois uma vez em uso adquirem imediatamente um feitio circular), fechados por uma boca redonda e do diâmetro de um prato. São feitos de taquaras verdes, que, cortadas em fitas estreitas e desbastadas à faca, dão-lhes admirável flexibilidade, aumentada ainda pela molhadura que tomam esses cestos nos rios ou fontes, durante dias, cada vez que têm de entrar em serviço. Os tipitis, mesmo depois da taquara seca, uma vez umedecidos, conservam por muito tempo essa flexibilidade; e assim é que duram, em uso contínuo, de quatro a seis anos e mais".
(Virgílio Várzea, 1984)
FERREIRA, Gilmara de Campos. Morros de lavoura: A vida agrícola na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa (1875-1900). 2010. Monografia (Graduação em História) Universidade Federal de Santa Catarina, 2010.
IPUF - Inventário Histórico Arquitetônico do Caminho da Costa da Lagoa. Florianópolis, 1985.
RIBEIRO, R.W. Paisagem cultural e patrimônio. Rio de Janeiro: IPHAN, 2007.
SIMAN, Lana Mara de Castro. Memórias sobre a História de uma Cidade: A História como Labirinto. Educação em Revista. Belo Horizonte. n. 47. p. 241-270. 2008.
VÁRZEA, Virgílio. Santa Catarina, A Ilha. Florianópolis: IOESC, 1984.
TUAN, Y Fu. Espaço e Lugar: uma Perspectiva da Experiência. Tradução Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1983. 250p.