Orientações para professoras e professores realizarem as atividades propostas.
Professor/a, o texto de abertura desse tema foi escolhido para colocar em pauta a questão ambiental e a paisagem cultural. No século XIX o conceito de natureza era muito diferente do conceito atual. Não existia a ideia da preservação do meio ambiente como algo necessário para a preservação da nossa própria espécie. Ao longo do século XX, a preocupação com os biomas, fauna, flora e o uso dos recursos naturais foi tomando força.
Hoje, vemos que a discussão sobre natureza e impactos ambientais ganham um espaço cada vez maior nos debates mundo afora tornando-se peça fundamental para se ter um futuro sustentável no planeta terra.
Dessa forma, a categoria de paisagem cultural norteia esse tema de estudos, uma vez que nos possibilita compreender a paisagem como resultado de uma relação entre os aspectos culturais e naturais de um determinado local conectando de forma direta os modos de ser e fazer daquele lugar.
A Lagoa da Conceição pode ser considerada uma paisagem cultural, pois na medida que a observamos podemos perceber sua paisagem como fruto de um processo histórico-cultural marcado pela ação dos povos indígenas na ocupação do território e na utilização dos recursos naturais em um passado mais distante, pela agricultura dos colonos açorianos e seus descendentes em um passado não muito distante; e pelo crescimento demográfico do bairro em conjunto com o apelo turístico do lugar, já em um movimento urbano que marca um período mais recente de sua história.
Pensando nisso, propomos esse tema para discutir com os estudantes as transformações ocorridas na paisagem da Lagoa da Conceição, colocando-os a pensar sobre as interações humanas e o meio natural e se as práticas resultantes são de baixo ou alto impacto na natureza. Todo esse processo metodológico é intencionado a fazê-los refletir sobre a percepção que eles têm do lugar e o que eles querem desse e para esse lugar no futuro.
Objetivos
A atividade 1 da OFICINA DE FONTES está relacionada as fontes 1, 2, 3 e 4 e tem por objetivos:
Refletir sobre a ideia que se tem da Lagoa da Conceição como lugar de turismo e lazer trazendo para o debate os problemas ambientais atuais num diálogo com o passado e o futuro;
Compreender a Lagoa como lugar de história e memória;
Analisar as mudanças na paisagem da Lagoa da Conceição ao longo do tempo entendendo-a como uma paisagem cultural;
Estimular atitudes a favor da participação dos jovens na sociedade.
Possibilidades metodológicas
Primeira etapa: Professor/a, nessa primeira etapa, é importante apresentar uma contextualização sobre a Lagoa da Conceição no presente, buscando junto as/aos estudantes a percepção do que o lugar representa para eles/as.
Antes de apresentar as fontes as/aos estudantes, algumas questões podem ser abordadas em sala de aula:
O que atrai moradores e turistas para a Lagoa da Conceição?
A laguna é um lugar de sustento? Para quem?
O que se entende por Patrimônio?
Podemos pensar na Lagoa da Conceição como um Patrimônio para a cidade? Por que?
Vocês já ouviram falar em Paisagem Cultural?
Observação: Professor(a), as perguntas apontadas acima podem retornar como questões nas atividades propostas na quarta etapa do Roteiro de estudos.
Segunda etapa: Na segunda etapa, com os grupos de trabalho já formados, o(a) professor(a) apresenta as fontes que serão analisadas pelos estudantes. Todas as fontes dialogam com a categoria de Paisagem Cultural apresentada na seção Oficina de Fontes.
A fonte 1 é uma matéria de jornal sobre um desastre ambiental ocorrido no início do ano de 2021. Essa fonte foi escolhida por possibilitar uma análise de como o poder público tem agido com relação a infraestrutura da Lagoa da Conceição e o número cada vez maior de moradores e turistas. O desastre ambiental ocorrido na Lagoa foi, nesse caso, resultado de diversos fatores, mas principalmente, de uma forma pouco preocupada com o meio ambiente, uma vez que a lagoa de tratamento da CASAN que se rompeu está instalada em meio às dunas, que estão próximas das águas da laguna. O/A professor/a poderá comentar outros aspectos sobre o assunto e também definir o que é laguna e porque a lagoa da Conceição é uma laguna; o que é a lagoa de tratamento da CASAN, assim como comentar sobre a própria CASAN e sua responsabilidade com o meio ambiente.
A fonte 2 por sua vez, é um excerto de entrevista com uma moradora do bairro que evoca de suas memórias uma Lagoa já muito diferente daquela que encontramos hoje. A escolha por essa entrevista se dá pelo fato de trazer algumas informações sobre o mesmo lugar onde ocorreu o "desastre ambiental" da fonte 1, mas em um tempo onde ainda não existia a própria Avenida das Rendeiras, sendo ela ainda somente uma trilha de "Puro mato". Outro aspecto importante desse relato é sobre o uso da laguna como lugar de sustento para os moradores e não de lazer como é hoje.
A fonte 3 trata as fotografias como fontes para conhecer a mudança histórica a partir da transformação na paisagem da Lagoa conectando assim, passado e presente. A análise requer um olhar atento dos/das estudantes para que possam reconhecer as transformações da paisagem quanto às características rurais que são evidenciadas na fotografia. Oriente-os/as a perceberem que a atividade agrícola desenvolvida nos morros e nas planícies da Lagoa teve um impacto no espaço geográfico. Se faz necessário que façam uma reflexão sobre como a agricultura transforma a paisagem, pois a necessidade de áreas para o plantio, em um sistema convencional, está diretamente ligada a devastação da floresta e transformação de ecossistemas. Da mesma forma, a ocupação urbana desenfreada resultado da especulação imobiliária e turística acarreta danos de alto impacto na natureza. A fonte 3 se relaciona diretamente com a fonte 1 e 2, pois evidencia de forma visual as transformações ocorridas no espaço ao longo do tempo, possibilitando um diálogo com os estudantes para se pensar sobre as permanências e as mudanças , e tão logo atentá-los para o futuro.
A fonte 4 é uma fotomontagem composta por registros fotográficos de algumas faixas e placas produzidos pelos moradores da Lagoa num movimento de protesto com o descaso que o poder público e a própria CASAN tiveram com relação ao "desastre ambiental", objeto da fonte 1. Essa fonte foi escolhida para trazer ao debate o papel do cidadão como um agente da história, colocando os estudantes para refletir sobre como as nossas ações reverberam na sociedade e na forma como se dá o interesse público.
Terceira etapa: Nessa etapa cada grupo receberá as fichas de análise das fontes. Para essa etapa, o (a) professor(a) deverá fazer a impressão das fichas para entregar para os grupos de trabalho.
Ficha de análise - Fonte 1
Ficha de análise - Fonte 2
Ficha de análise - Fonte 3
Ficha de análise - Fonte 4
Quarta etapa: A partir da análise e interpretação das fontes, cada grupo é orientado a pensar a temática a partir de algumas questões previamente elaboradas, que serão desenvolvidas nas atividades propostas.
Professor/a, na seção Roteiro de estudos desse tema seguem-se as orientações de como os estudantes devem desenvolver as atividades propostas.
Sugestões de aprofundamento
LINKS DIRETOS
Morros de lavoura: A vida agrícola na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa (1875 – 1900)
A pesquisa tem como objetivo principal traçar um perfil da estrutura rural do último quartel do século XIX, a partir da análise dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais relacionados com a produção agrícola na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa.
Inventário do Patrimônio Cultural de Florianópolis
Documento produzido pelo Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município (SEPHAN) traz uma inventariação do Patrimônio Material, Patrimônio Arqueológico, Patrimônio Imaterial, Dos locais de memória e Da Paisagem Cultural da cidade de Florianópolis.
Atlas do município de Florianópolis produzido pelo IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), em 2004, traz artigos de estudiosos sobre os diversos aspetos relacionados a cidade e sua formação humana: arqueologia; ocupação territorial pelos pré-cabralinos, vicentistas e açorianos; permanências, transformações e resgates na cidade; e ocupação humana e paisagem.
1º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem cultural, Patrimônio e Projeto
Os anais do 1º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem cultural, Patrimônio e Projeto promovido pela Universidade Federal de Minas Gerais, em 2010, a respeito de uma inovadora categoria de proteção: a das paisagens culturais, isto é, daquelas áreas do território a que o processo de interação do homem com o meio natural tenha atribuído marcas peculiares e valores representativos ao longo da história. Cabe destacar a promulgação em 2009, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) da Portaria n. 127, que estabelece a chancela da "Paisagem Cultural Brasileira", definida ali como uma "porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores".
Aproximações entre História Ambiental, Ensino de História e Educação Ambiental
Artigo sobre História Ambiental, que influenciada pelas preocupações e pelos discursos contemporâneos sobre o meio ambiente com consistentes bases teóricas e metodológicas, vem ganhando espaço nas universidades e escolas brasileiras. Assim, os autores do artigo convidam professores de História a ampliar seu envolvimento ou a trabalhar com temas socioambientais, que se tornaram de grande interesse, e que têm sido abordados, até o momento, preferencial ou exclusivamente por profissionais de outras áreas do conhecimento, como a Biologia e a Geografia.
Nesta oficina, Eduardo de Moura Almeida com a colaboração de Jacqueline Peixoto Barbosa , adentram pelo mundo dos zines, explicando o que é, quem escreve, para quem, quais os propósitos de se fazer zines com os estudantes, como fazer o zine, ideias, links. Material excelente para conhecer os zines e utilizá-los como material de ensino-aprendizagem.
LIVROS
O livro aborda um dos temas mais importantes e polêmicos de nossa contemporaneidade - a questão ambiental - a partir de uma perspectiva histórica das relações entre as sociedades humanas e o meio natural . Escrito com a preocupação de dialogar com um público mais amplo do que o pertencente aos meios acadêmicos e, portanto , buscando formas de expressão mais simples , não abdica, entretanto , da intenção de construir uma análise densa e atenta à complexidade das questões envolvidas, recusando perspectivas simplificadoras.
VÍDEOS
Aula que introduz os conceitos de Patrimônio Cultural, Paisagem e Paisagem Cultural, acompanhando a lenta sedimentação destas noções até sua utilização como política pública de preservação.
Documentário: Sou jovem, meu patrimônio é o mundo
Este vídeo foi produzido coletivamente por jovens da América Latina que participaram do Fórum Juvenil do Patrimônio Mundial, em julho de 2010, passando por quatro cidades do Brasil e uma da Argentina, visitando alguns dos Patrimônios da Humanidade. O resultado desta Residência Criativa foi apresentado na abertura da 34ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO, em 24 de julho de 2010.
ADAMS, Betina. Preservação urbana: gestão e resgate de uma história - patrimônio de Florianópolis. Florianópolis, Ed. da UFSC, 2002.
Atlas do município de Florianópolis - IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), 2004.
BORGES, Eliane; SCHAEFER, Bebel O. Vozes da Lagoa. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes; Fundação Banco do Brasil, 1995.
CASTRIOTA, Leonardo Barci. Paisagem Cultural e Patrimônio: desafios e perspectivas. In: 1o Colóquio Ibero-americano. Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto Belo Horizonte - MG. 2010 – Brasília, DF: IPHAN; Belo Horizonte, MG: IEDS, 2017. _
FERREIRA, Gilmara de Campos. Morros de lavoura: A vida agrícola na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa (1875-1900). 2010. Monografia (Graduação em História) Universidade Federal de Santa Catarina, 2010.
RIBEIRO, R.W. Paisagem cultural e patrimônio. Rio de Janeiro: IPHAN, 2007.